Estamos quase na metade da edição do Big Brother Brasil e algo que sempre chama muita atenção é a casa em que os participantes ficam confinados e os seus diversos elementos. Antes mesmo do início do programa a expectativa sobre a casa já ativa a ansiedade dos telespectadores, isso porque além de ser uma grande mansão, com cômodos super chamativos ela sempre tem temas específicos e diversos elementos no seu visual que contribuem para ser tão emblemática.
Mas a verdade é que a casa do BBB nem sempre foi assim. Nas primeiras edições do programa ela chegou a ser apenas uma casa comum, sem grandes decorações e cores chamativas. Acontece que os produtores viram uma oportunidade de mexer um pouco mais com o psicológico de quem está confinado. Não sei se vocês sabem ou já pararam para pensar, mas toda aquela estrutura não serve apenas para chamar atenção ou ser bonito, mas sim para deixar os nervos mais a flor da pele. O exagero nas cores, nos elementos, nas artes são feitos para deixa-los mais suscetíveis ao estresse que já não é pouco. A cores interferem diretamente no estado de espírito de uma pessoa simplesmente por habitar aquele ambiente, elas comunicam muito.
O fato de estarem em uma espécie de cenário nada convencional modifica fortemente o comportamento dessas pessoas. O mais comum é vermos os participantes entrando em contradição por não conseguir sustentar personagens que não condizem com a própria personalidade, isso com certeza se da, porque estão vivendo dentro de um cenário montado. Além dos diversos gatilhos visuais, os quartos em sua maioria são temáticos. Isso contribui para que os brothers se identifiquem em grupos, de acordo com o seu quarto, ou setor que ficou inicialmente. Já vimos diversos duelos entre grupos ao longo das edições: Lado A e lado B, Selva e Praia, Deserto e Aquário… A princípio tudo isso se estabelece unicamente pelo lugar onde estão no primeiro dia e onde resolvem dormir, claro que isso se desdobra e as afinidades vão se criando, mas é inevitável que o ambiente não influencia diretamente nesses comportamentos.
Agora você deve estar pensando, o quê tudo isso tem a ver com design? Basicamente ele tem papel fundamental na forma como o controle é exercido nos confinados da casa, seja em sua estrutura, decoração dos cômodos, gráficos e toda forma de estimulo visual que os participantes são expostos.
Design é uma forma de controle, um exemplo disso dentro do programa é a diferença entre o quarto do líder e os outros cômodos da casa: ele possui cores suaves, móveis sóbrios e até mesmo uma central de monitoramento (alô Foucault), é um ambiente agradável e que possibilita descanso a quem estiver por lá. Tudo isso não é por acaso, afinal ser líder é estar em vantagem perante os outros participantes, que ficam expostos a ambientes visualmente saturados sem pausas.
Um ponto interessante que a arquitetura visual do programa nos possibilita é demonstrar o que é tendência atualmente, quase todo ambiente é “instagramável” algo que nos leva a refletir existe algum momento em que os participantes não estariam produzindo conteúdos?
Ironicamente a sala de estar dessa edição possui como tema principal viajar, algo que deixa muito claro para os participantes: mantenha sua mente no jogo.
A verdade é que a casa está cheia de referências que estão muito além do visual superficial. Nesse caso e em muitos outros, o design é usado como aliado da psicologia para contribuir com uma dinâmica de jogo que pede que as pessoas sejam intensas e vivam aquela experiência a flor da pele e podem ter certeza que aquela casa contribui fortemente para isso.